PORQUE O BARCO DE JESUS FOI ABALADO PELA TEMPESTADE?


PORQUE O BARCO DE JESUS FOI ABALADO PELA TEMPESTADE?


Sei que o leitor amigo já leu inúmeras ponderações a respeito do poder sobrenatural de Jesus ordenando a tempestade para se acalmar. Também está ciente sobre os conselhos passados com esse evento.

Pretendo aqui compartilhar alguns pontos á muito conhecidos que valem a pena recapitular, porém, além disso desejo salientar algo que nunca vi ser comentado. Talvez por não terem apercebidos, ou talvez por não terem um raciocínio lógico e algo documentado que possa dar segurança na afirmativa.

Antes de entrarmos no cerne da questão, desejo expor fatos históricos sobre o lago em questão e também uma breve pincelada nos significados.

Mar da Galileia, também conhecido como mar de Tiberíades ou lago de Genesaré é um extenso lago de água doce localizado no Distrito Norte de Israel. 

Área166 km²
Comprimento21 km
Largura13 km

Temporais repentinos, tais como aquele que Jesus Cristo e seus discípulos enfrentaram, não são incomuns. (Mateus 8:24; 14:24). Por causa da baixa altitude do mar da Galiléia, a temperatura do ar é muito mais quente ali do que nos planaltos e nos montes circundantes. Isto resulta em perturbações atmosféricas. Também, fortes ventos descem pelo vale do Jordão procedentes do monte Hermom, de cume nevado, que fica não muito longe.

Agora que já se orientou a respeito do lago de Israel ou mar da Galiléia, importa saber também a frequência em que Jesus fazia uso desse lago e suas margens.

O Ministério de Jesus Nesta Região. Este corpo de água figurou de forma destacada no ministério terrestre de Jesus. O Filho de Deus falou diversas vezes dum barco a grandes multidões reunidas na sua ampla e pedregosa margem. (Marcos 3:9; 4:1; Lucas 5:1-3).

Numa dessas ocasiões, ele fez com que alguns dos seus discípulos tivessem uma pesca milagrosa, e chamou Pedro, André, Tiago e João para serem “pescadores de homens”. (Mateus 4:18-22; Lucas 5:4-11).

Nas redondezas do mar da Galiléia, Jesus realizou muitas obras poderosas. Curou os doentes, expulsou demônios (Marcos 3:7-12), acalmou o vento e o mar (Marcos 4:35-41), e andou sobre a água (João 6:16-21); certa vez, alimentou milagrosamente mais de 5.000 pessoas, e em outra ocasião alimentou mais de 4.000, toda vez apenas com alguns pães e vários peixes. (Mateus 14:14-21; 15:29, 34-38).

Com razão, Jesus condenou três cidades naquela região, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, por permanecerem insensíveis, apesar das muitas obras poderosas presenciadas por seus habitantes. (Mateus 11:20-24).

Após a sua ressurreição dentre os mortos, Jesus apareceu a alguns dos seus discípulos junto ao mar da Galiléia, e fez com que tivessem outra pesca milagrosa. Enfatizou então a importância de alimentarem suas ovelhas. (João 21:1, 4-19).

Saliento que vale a pena meditar nos versículos acima pois se trata dos poderosos eventos e acontecimentos do nosso mestre Jesus.


MEDITANDO NOS VERSÍCULOS EM BUSCA DO ENTENDIMENTO.


MATEUS

Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia.
Os discípulos foram acordá-lo, clamando: "Senhor, salva-nos! Vamos morrer! "
Ele perguntou: "Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé? " Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança.
Os homens ficaram perplexos e perguntaram: "Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? " Mateus 8:23-27 NVI.

LUCAS

Certo dia Jesus disse aos seus discípulos: "Vamos para o outro lado do lago". Eles entraram num barco e partiram.
Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu-se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo.
Os discípulos foram acordá-lo, clamando: "Mestre, Mestre, vamos morrer! " Ele se levantou e repreendeu o vento e a violência das águas; tudo se acalmou e ficou tranquilo.
"Onde está a sua fé? ", perguntou ele aos seus discípulos. Amedrontados e admirados, eles perguntaram uns aos outros: "Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem? " Lucas 8:22-25 NVI.

MARCOS

Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: "Vamos atravessar para o outro lado".
Deixando a multidão, eles o levaram no barco, assim como estava. Outros barcos também o acompanhavam.
Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água.
Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: "Mestre, não te importas que morramos? "
Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e fez-se completa bonança.
Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? "
Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? " Marcos 4:35-41 NVI.


ENTRANHANDO NOS DETALHES DE EXTREMA IMPORTÂNCIA.


Marcos 4:35-41.

O capítulo 4 do Evangelho de Marcos traz um último ensino de Jesus, mas que não se limitou a uma parábola. Este trecho do versículo 35 ao 41 mostra a soberania e autoridade de um Deus que se fez homem e que ainda assim se revestiu de poder e autoridade.

Ao fim deste dia e das muitas parábolas e ensinamentos, e sendo já tarde, Jesus chamou os discípulos a entraram em um barco e passarem a outra margem. E aconteceu que veio uma grande tempestade e o barco já se enchia de água, mas Jesus dormia.

Fico aqui imaginando a intensidade do cansaço e desgaste físico de Jesus para estar dormindo em tão pouco tempo, embora esteja escrito que Jesus estava deitado e recostado sua cabeça sobre um travesseiro. Por outro lado, qual tipo de barco da época manteria um travesseiro a disposição? 
Presumo que o próprio Jesus deva ter querido adaptar um barco de pescador para momentos assim. Me posiciono curiosamente o porquê um barco de pesca para um lago não tão extenso a ponto de demorar dias para cruzar teria travesseiro?  

Contudo, a mensagem diz que já era tarde, algo como que dizendo vamos nos preparar pois a obra vai ser um pouco demorada e teremos que alguns apetrechos de auxílio. A despeito que qualquer conjectura de minha parte, há de convir comigo que são detalhes que nos aguçam a curiosidade.


IDENTIFICANDO EQUILÍBRIO, SERENIDADE E AUTORIDADE.


O mais interessante deste texto é a forma como Jesus trata desta situação. Ao ser acordado pelos discípulos ele não se colocou a racionalizar a situação em busca de meios para os tirar dali, mas, repreendeu o mar e as ondas, que se acalmaram e emudeceram. Tamanha é esta autoridade, pois como os ventos lhe obedeciam? Até ao dia de hoje é um mistério entender racionalmente a autoridade deste homem. Entretanto podemos entender que neste mundo todas as coisas são espirituais e tudo está debaixo do poder a autoridade de Deus.

Sem ter o entendimento de que tudo é espiritual, não poderemos compreender a atitude de Jesus em repreender esta tempestade. De fato, tudo é espiritual e nada há por acaso. Quando temos os olhos abertos às coisas espirituais nos assustamos com a realidade nua que existe entre a terra e o céu. E sem querer entrar em nenhum mérito, devemos entender que Jesus tem e tinha autoridade para repreender aquela tempestade, pois logo se fez grande bonança.

Não se trata de 'espiritualizar' as cosias comuns da vida, mas de ter o discernimento e a compreensão daquilo que é espiritual. Para ter esse discernimento devemos estar sempre em oração e em contato com Deus e com o Espirito Santo. É só através de Deus que teremos a clareza e a fé para repreender a tempestade, mas não só a tempestade. Mas como todas as castas e hordas espirituais. Jesus não repreendeu o vento apenas, mas todas as forças espirituais que se levantaram para ceifar a vida dele e dos discípulos naquele momento.

Por fim, este texto nos mostra que o ensino de Jesus através das parábolas não é meramente acadêmico, mas prático e vivo. Nunca entenderemos as palavras de Jesus se não vivermos as tempestades e lutas da vida.

Primeiro Jesus ensina, depois virão os ventos e tempestades para nos experimentar e nos dar a oportunidade de agirmos a fé fazendo uso do que foi ensinado. Neste tempo, deveremos praticar aquilo que nos foi ensinado para permanecer com fé e discernimento e assim sair vitorioso em todas as coisas. Assim, se completa um ciclo do ensino, depois a prática e vivência de um Evangelho que é espirito e vida.


NO CERNE DA QUESTÃO.


Trago algo novo que me causou surpresa quando li, reli e confrontei com os versículos de Mateus e Lucas constatando a ausência de algo importante para seguir o raciocínio. Quando pensei sobre isso confesso que me causou espanto onde minha imaginação me levou.

Vocês poderão notar logo abaixo pela versão ACF e a versão NVI que haviam barquinhos ou barcos acompanhando o barco de Jesus.

E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. Marcos 4:36 ACF.

Deixando a multidão, eles o levaram no barco, assim como estava. Outros barcos também o acompanhavam. Marcos 4:36 NVI.

Acredito que tenham já entendido onde a minha imaginação chegou lendo o fato dos barquinhos seguindo de Jesus.
Imaginem uma tremenda tempestade a ponto de deixarem os discípulos experimentados na área náutica desesperados estando em um barco.
Entendo que um barco tenha um porte maior que um barquinho e porte menor que um navio.

Seguramente temos a sensação que diante daquela tempestade devastadora inundando a proa e popa pelas ondas lançando água. Um vento forte impulsionando água sobre um barco, imagina então como seria sobre alguns barquinhos!!
Não vejo lógica alguma uma tempestade forte somente sobre o barco ou melhor dizendo, ao redor dele.

Imagino logo um barco próximo sendo devastado pela tempestade, muito mais intenso vejo barquinhos sendo inundados, virados e com seus tripulantes lançados nas ondas.
Perceba que se estamos falando de barcos acompanhando o barco de Jesus, e portanto, não ilesos, digo suscetíveis aos mesmos efeitos do barco que estava Jesus. Perceba também que, se estamos falando de barquinhos pior seria o cenário de destruição.
Bem, não importa mesmo se for barco ou se for barquinhos, o que realmente importa aqui para mim é o desenrolar dessa sequência maravilhosa.



APRENDENDO UMA LIÇÃO DE COMO VENCER O MEDO.



Importa realmente saber que estando Jesus em nosso barco qualquer tempestade vai passar e que ainda nos deixou um legado de autoridade espiritual para comandar e ordenar.
Em primeira estância, nos momentos críticos, e podemos até questionar Deus sobre o acontecimento e os perigos que estamos correndo como fizeram os discípulos:

"Mestre, não te importas que morramos? "

Nesse momento como todo ser mortal quer ouvir uma resposta pela pergunta feita. No entanto, Jesus não se reporta aos discípulos, aliás, muito pelo contrário, Ele se levanta dirigindo a palavra de autoridade para o vento "Aquiete-se! Acalme-se!”. Vejo aqui o aquiete-se para o vento e acalme-se para o mar (águas).

Somente após ter dado cabo a tempestade Jesus se dirige aos discípulos com duas perguntas e não uma resposta: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? ".

Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e fez-se completa bonança.

Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? " Marcos 4:39-40 NVI

Vendo essa pergunta feita por Jesus: Por que vocês estão com tanto medo?. Vemos isso em Mateus e Marcos. Parece-nos um sutil recado aos discípulos que não era necessária aquela intensidade de medo perante aquela situação.

Vemos também em Marcos: Ainda não têm fé?

Que lição para aprendermos com Jesus! Todo medo é ausência de fé!!!

Talvez queira me dizer que o medo é normal perante um fato desconhecido, porém eu digo, aquele evento era conhecido por todos pois, acontecia periodicamente naquele lago.

Aprendi com isso por mais que venham situações contrárias teremos autoridade para mudar o quadro. Aprendi que estando com Jesus podemos até sentir um medo controlável e momentâneo. Aprendi também que, se estivermos com Ele em todo momento agiremos a fé consciente e com autoridade.


RECEBENDO AS BENESSES DIVINA ESTANDO PRÓXIMO DE JESUS.


Podemos ver aqui o grande exemplo ensinado por Jesus no momento da ocorrência contrária.
Podemos aprender com Jesus em todo momento e fazer uso daquilo respaldado por Ele.
Podemos ver também que, haviam mais barcos ou barquinhos acompanhando a travessia e também estavam em meio a tempestade.
Não vemos nenhum dos três autores em Mateus, Lucas e Marcos focando a visão ampliada no todo. Vemos Mateus e Lucas focando somente no acontecimento do barco de Jesus.

Já em Marcos esse pequeno detalhe fez a diferença em para mim, o autor teve uma visão com foco um pouco mais ampliado a ponto de notar os barquinhos seguindo Jesus.

Certamente nada de ruim aconteceu com eles, se tivesse algo de ruim creio que todos escreveriam que os outros barcos viraram lançando as pessoas nas águas bravias.
Aprendo com isso que se alguém estiver muito próximo de Jesus até os mais distantes são beneficiados com o zelo de Jesus pelas vidas a Ele entregues.

Nesse caso, também podemos concluir que devemos obter uma visão com foco supra ampliado porque assim podemos compreender não só a condição que a nossa visão nos proporciona, mas também, discernimento espiritual.

Quero exemplificar isso de uma forma bem simples fazendo um comparativo com uma situação em que haverá uma apresentação de uma peça teatral e foram convidados três críticos de teatro.

O primeiro crítico fez comentário que a peça foi muito bem encenada, os atores estavam com bons figurinos e o texto foi inteligente. (foco na apresentação).

O segundo crítico escreveu palavras semelhantes elogiando e disse que haviam diversos espectadores. (foco na apresentação ampliado).

O terceiro crítico não só replicou os dois críticos como também comentou que a casa estava cheia e o público participativo e felizes com apresentação. (foco supra ampliado).

Essas alusões são para nos despertar ao entendimento que Jesus tem tudo sob controle, ainda que possam dizer que Ele conhecia muito bem a região e provavelmente tenho planejado tudo isso com o propósito de demonstração de poder posso até aceitar. Porém, como explicar o vento aquietar-se e as águas acalmarem-se? Vai dizer que até isso Ele sabia?

Ora!! Faça-me um favor!! Jesus não precisava disso porque Ele já havia feito muitos outros prodígios e sinais.


CONCLUSÃO.


Finalmente pude expor um pequeno detalhe que me pareceu até grandioso perante as narrativas. Aprendi com isso que nossa oração não só nos abençoa como também nossos familiares e amigos. Aprendi que, estando com Jesus por maior que seja o problema Ele já nos deu a solução usando a fé que depositou em nós através dos sinais e prodígios.

Aprendi que, até podemos sentir um pouco de medo diante do desconhecido, porém, podemos vencer usando a fé. Como também, aprendi que sentir medo diante de fatos muito conhecidos justifica a falta de fé.

Fiquem com Jesus, e até o próximo texto.

Roberto Polido.





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